Dados alarmantes de estudo publicado pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep) mostrando que 239 terras indígenas na Amazônia têm índices de vulnerabilidade intensos ou altos em relação à covid-19, levaram o senador Plínio Valério (PSDB/AM) a reforçar, nesta terça-feira, apelo para que autoridades sanitárias dos governos federal e local implementem imediatamente políticas de isolamento e atendimento local dessas comunidades.
Em tratativas no início da semana com técnicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre a possibilidade de uso de recursos do Fundo Amazônia para combate a pandemia nos nove estados da Amazônia legal, Plínio defendeu a construção de um hospital de campanha na região do Alto Rio Negro, onde há maior concentração dessas terras indígenas.
Pelo levantamento da Abep, 1.228 municípios brasileiros onde há ao menos um trecho de terras indígenas, apenas 108 possuem algum leito de UTI. Além das terras indígenas, os pesquisadores avaliaram que seis Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) estão em situação crítica, todos eles nos estados da Amazônia Legal. Um deles é o Yanomami, em Roraima, onde está a terra indígena de mesmo nome. Segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), submetida ao Ministério da Saúde, o distrito já registrou uma morte: a de um menino Yanomami de 15 anos.
Porém, de acordo com matéria do portal De Olho nos Ruralistas – observatório do agronegócio no Brasil, “as mortes provocadas pela pandemia do coronavírus já atingem povos indígenas de sete estados brasileiros, nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, nas aldeias e nas cidades. Até o momento a doença alcança 29 etnias, com registro de trinta óbitos e mais de uma centena de contaminados. Em menos de 24 horas foram confirmadas as mortes de uma criança indígena de um ano, em São Paulo, e uma recém-nascida, no sertão de Pernambuco”.
“Eu venho alertando desde o início para a vulnerabilidade das comunidades indígenas que são isoladas e sobre as dificuldades de deslocamento até centros onde há atendimento especializado da covid-19. Mas se fazem de surdos e mudos. Como previa, já viramos novamente alvo de demagogos com seus manifestos de papel que nada fazem a não ser apontar o dedo e criticar. A Noruega e Alemanha já doaram para o Fundo Amazônia uma quantia considerável, com mais de R$600 milhões no caixa do BNDES, que daria para construir hospitais de campanha com equipes médicas para atender os índios na região do Alto Rio Negro, onde se localizam suas terras. Mas tudo é muito burocrático e difícil”, cobrou Plínio Valério.
Fonte: Assessoria de imprensa do senador
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado