As novas tecnologias da informação e, em particular, as mídias sociais revelaram um Brasil escondido nas casas, nas ruas e no cinismo das pessoas: um Brasil do preconceito, da violência sexual e do racismo. É este Brasil que fez emergir uma candidatura de extrema direita e dela se faz orgulhosa e galopante, ostentando aquele sentimento ruim que só vinha à tona nas relações sociais de grupo.
O Brasil está dividido, sim. O Brasil sempre esteve dividido em muitas partes e essas partes nunca criaram um todo. Tem parte que é um todo em si, tipo aquilo que Marcel Mauss chamava de Fato Social Total.
Essa parte que defende os sentimentos das trevas compõe um todo que sempre existiu no nosso meio e que alguns autores insistiram em camuflar, talvez à procura de um Brasil coeso, como se isso fosse possível. Nunca existiu democracia racial, por exemplo, mas existiu uma tentativa de passar a ideia de um país quase perfeito, onde o antagonismo de classe era secundário e não determinante dos conflitos existentes.
A democracia burguesa é isto e somos levados a pensar assim. Mas é neste campo que travamos a disputa e não podemos esconder a realidade. Queremos um Brasil unido como nação, mas essa unidade se dará na diversidade e não na supressão dela. É preciso reconhecer as partes que existem, sem tornar uma parte aniquiladora das demais.
É preciso que setores das classes médias tomem posição e se manifestem diante da realidade e impeçam que a parte mais tacanha da direita tome conta do país e imponha um fratricídio. É necessário uma tomada de posição em nome da democracia e da sobrevivência do Brasil como nação e berço da pluralidade.
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