A Fundação de Medicina Tropical (FMT) interrompeu um dos bracos da pesquisa sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de pacientes acometidos pela Covid-19 no Amazonas.
De acordo com o estudo, publicado no sábado na plataforma de estudos científicos medRxiv, dos 40 pacientes que receberam dosagens com mais de 600g do medicamento por 10 dias, 11 vieram a óbito. Dos 11, apenas dois tinham mais de 75 anos. “Essa é a razão pela qual este ramo do estudo foi interrompido mais cedo”, declarou, em entrevista ao jornal estadunidense The New York Times, o coordenador da pesquisa da FMT, dr. Marcus Lacerda (na foto com o governador Wilson Lima (PSC).
O estudo também concluiu que as dosagens mais altas da composição de cloroquina não apresentam melhores resultados no combate ao vírus e podem estar relacionadas com o surgimento de arritmia cardíaca como efeito colateral e pode também levar o paciente a morte.
Boa notícia
A boa notícia diz respeito ao outro braço da pesquisa, que testou, em número semelhante de pacientes, doses abaixo de 500mg por cinco dias. O resultado foi positivo: enquanto a média mundial de letalidade no uso da cloroquina em pacientes de Covid-19 foi de 18%, neste ramo do estudo a taxa de mortalidade nos estudos da Fundação foi de 13%. Os resultados, no entanto, ainda não permitem ampla conclusão sobre o uso da substância no tratamento da doença.
De acordo com o próprio coordenador da pesquisa, Marcus Lacerda, não há evidências científicas de que a cloroquina tenha efeito profilático, de prevenção ao novo coronavírus. “Essa informação não existe, ninguém mostrou até hoje no planeta e isso não tem sido aconselhado porque não há qualquer evidência realmente, então a gente está tentando estudar naquelas pessoas que já desenvolveram sintomas clínicos, e aqueles mais graves, como eu disse, se beneficiaram discretamente do uso da cloroquina”, afirmou Lacerda em release divulgado pelo governo do Amazonas.
Foto: Secretaria de Comunicação do Estado (Secom)