O ator, diretor, professor de teatro, videomaker, promotor cultura, cronista e poeta Dori Carvalho e o compositor e cantor Zeca Torres iluminam o espaço cultural Galvez na próxima quarta-feira, 14, a partir das 22h, véspera do feriado da Proclamação da República, no show “Sarau lítero-musical”.
Dori vem de lançar segunda edição do livro “Desencontro das Águas”, em agosto passado. À época do lançamento do livro, em 1997, Dori recebeu do poeta Artur Engrácio – que Dori homenageia na recente edição – o perfil de um poeta de visível acento irônico, irreverente e negativista “com o qual o poeta assinala os seus poemas e que não deixa de ter, até certo ponto, caráter inovador. Misto de sarcasmo e revolta, a poesia de Dori Carvalho é uma poesia de espírito proletário que, longe de cantar aos bem vividos, volta-se inteira para as camadas sofredoras, entoando alto o seu brado de alerta e denúncia”.
Ele próprio, Dori Carvalho, diz que se tem uma característica que conecta sua produção literária é a imagética. “Minha poesia é muito fruto do que eu vejo, é como se fosse uma fotografia da retina, uma narrativa sobre uma imagem”, declarou em reportagem do jornal A Crítica por ocasião do lançamento da segunda edição de “Desencontro das Águas”. Como ator, Dori participou de vários espetáculos teatrais. Na área da literatura, tem publicado em jornais dezenas de crônicas e artigos. Além de “Desencontro das Águas”, Dori é autor dos livros “Paixão e fúria”, editado pela editora Valer e “Meu ovo esquerdo” (reunião de “desaforismos” coletados de sua conta pessoal no Facebook), publicada pela editora Travessia. Facebook é um espaço nas redes sociais em que Dori tem permanente e intensa publicação de poemas, crônicas, comentários. Exercício cidadania, que ele muito defende, e da liberdade de expressão.
Embora seja paulista de nascimento – Dori Carvalho nasceu em São Joaquim da Barra, São Paulo, no dia 11 de junho de 1955 -, ele é amazonense de peito cheio. Desde 1978 mora em Manaus, onde criou a Livraria Maíra, um dos mais importantes espaços de livros, de encontros de estudantes universitários e intelectuais, do Amazonas. É tratado como poeta amazonense até por estudantes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Norma Mota do Nascimento e Carlos Antônio Magalhães Guedelha, que escreveram o artigo acadêmico “A literatura do poeta amazonense Dori Carvalho”, que abrem dizendo que o poeta “está entre os autores amazonenses com uma das escrituras mais abrangentes com relação à temática, com poemas que versam do amor à crítica social, passando, também, por discussões de fundo religioso”.
Zeca Torre é poeta da música popular brasileira e compositor sobre poemas já escritos, redondilhas que ele enche de música, como a que fez com o poema do poeta Aldísio Figueiras, a canção que é seu maior sucesso, “Porto de Lenha”.
José Evangelista Torres Filho, por muito tempo chamado Torrinho, é filho de músico, compositor e regente de banda de música. Nasceu em Belo Horizonte e viveu a infância no bairro da Tijuca (RJ), de onde trouxe as influências musicais da Bossa Nova, do movimento Tropicalista e dos antigos festivais de música da década de 60. O artista mudou para Manaus em 1968 e começou a compor no início dos anos 70, quando participou de vários festivais. De lá para cá, vem produzindo e participando de vários shows e apresentações que contribuem para o amadurecimento de seu trabalho como compositor e intérprete.
O primeiro disco individual, “Porto de Lenha”, foi gravado no Rio de Janeiro, no ano de 1990 e lançado em Manaus, no ano seguinte – inicialmente em vinil, num show que teve a participação especial do grupo “Boca Livre”. Produzido pelo músico Maurício Maestro – que também participa como instrumentista, arranjador e intérprete – conta também com arranjos e participações de Adriano Giffoni e Glória Calvente, além dos músicos Claudio Nucci, David Tygell, Luciano de Castro, João Rebouças, Tito Freitas, Beto Cazes, Roberto Stepheson, Daniel Garcia e outros.
Em suas obras individuais ou com parcerias, Zeca Torres procura mesclar temas de cunho amazônico com a linguagem universal, sem se preocupar em ser aquilo que se convencionou chamar artista regional. Nos seus arranjos, valoriza sobretudo o trabalho de vocalização.
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