Por: Willian César
Resolvi falar em meu primeiro texto para este portal sobre um assunto que me é muito caro: a democracia. A pauta parece fora de moda, já que segundo levantamento feito pela revista britânica The Economist, menos de 5% da população mundial vive no que podem ser consideradas democracias plenas. Este número aponta para um piora no panorama democrático mundial, corroborando a teoria do cientista político Larry Diamond, que na década passada criou o termo ”recessão democrática” para descrever o estágio político atual do planeta, onde o número de democracias diminui e as que restam tornam-se mais frágeis.
Com a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência, o Brasil uniu-se definitivamente à lista de democracias fragilizadas, seguindo a tendência de países como Polônia e Hungria, que caminham a passos largos para tornarem-se regimes autoritários. Apesar de sintomático, o resultado das urnas em 2018 foi apenas a consequência de uma série de acontecimentos políticos ocorridos no país sul-americano, que desde 2013, época em que ocorreram as chamadas Jornadas de Junho, apontam para um sistema político em colapso.
Penso que qualquer indivíduo atento consegue enxergar um mundo em crise, no qual todos os avanços que aconteceram na história recente, sobretudo no século 20, são colocados à prova e não resistem. De repente, as distopias da ficção parecem cada vez mais reais, e nos vemos próximos de uma realidade onde mercado e Estado oprimem cidadãos que possuem acesso às mais avançadas e inusitadas tecnologias, porém não têm seus direitos básicos respeitados.
As redes sociais, aliás, inicialmente vistas como dádivas dos novos tempos, atualmente são utilizadas como ferramentas para as mais diferentes formas de manifestações antidemocráticas, influenciando inclusive nos resultados das eleições recentes em países como os E.U.A e o próprio Brasil. Somando-se a isso a venda de informações dos usuários para grandes empresas, temos um cenário de total desrespeito às liberdades individuais e ao próprio sistema democrático como um todo.
Mais do que nunca as organizações da sociedade civil precisam reagir, já que a experiência tem nos mostrado algo que o avanço democrático dos últimos anos parecia haver nos feito esquecer: nenhum direito conquistado é permanente. Em um contexto onde ”tudo que era sólido desmancha no ar”, atenção e ação parecem ser as palavras da vez. Já caminhamos demais para olhar para trás e repetir os erros de nossos antepassados, portanto devemos ir em frente com punho erguido, afinal, é o futuro do mundo como conhecemos que está em jogo. A democracia, com todos os seus problemas, tem se mostrado até aqui a melhor maneira do ser humano viver coletivamente. Sendo assim, lutemos e não desistamos dela. Façamos isso por nós, pelos que antes travaram esta mesma luta e também pelos que virão. Em frente!
Willian César é publicitário.
Foto: Blogcarlossantos