Entra ano, sai ano, entra década, sai década e nada progride no país em relação à valorização do magistério. Diferente das consequências de uma linha de produção que pare de funcionar ou funcione mal, no caso do descaso com os professores as consequências são perversas e não imediatas, não são visíveis a olho nu, mas acumulam-se lenta e silenciosamente ao longo do tempo, comprometendo gerações e mais gerações e o futuro do país.
Sobre isso, acabo de ler uma pesquisa que não deveria passar batida para ninguém, sobretudo pelo que ela representa de malefício para a reprodução e perpetuação desse sistema de indigência: metade dos professores não recomenda a carreira docente aos mais jovens. Pode haver constatação mais triste?
Os prejuízos materiais de uma linha de produção interrompida são recuperáveis pela carga dobrado de trabalho e exploração da mão de obra; já os prejuízos decorrentes de uma educação capenga apenas se incorporam, sem retorno, ao passivo das gerações presentes e futuras.