Por: Francisco Praciano (*)
Sempre que defendemos o modelo Zona Franca a tese que se sobressai é a de que o mundo deve garantir o modelo como forma de proteger a floresta tropical e, por consequência, proteger o planeta.
Por trás dessa tese está nosso convencimento de que o mundo tem interesse na proteção da Amazônia. Investir na Zona Franca é um forte apelo para a um só tempo salvaguardar nosso modelo de desenvolvimento e garantir os serviços ambientais que a Amazônia presta ao mundo e à humanidade. Inclusive trabalhos científicos de professores da Ufam demonstraram a relação positiva entre a ZF e a proteção da floresta do nosso Estado. Os governo de Lula e Dilma foram convencidos disso. Tanto, que Lula ampliou o prazo da Zona França por dez anos e Dilma o fez por mais cinquenta.
Um professor de Harvard acaba de afirmar, baseado nesta mesma lógica, ser viável, possível a invasão da Amazônia em nome da humanidade, para proteção da floresta tropical. Passamos, na visão do professor Stéphan M. Walt, ao lado de países como Iraque, Coreia do Norte e outros, a ser risco e ameaça a existência do planeta.
Se não protegemos a Amazônia e, pelo contrário, se o presidente do Brasil demonstra ao mundo que não tem nem política nem interesse de proteção da Floresta Tropical, então somos uma ameaça ao mundo. Podemos ser invadidos! A lógica da soberania e independência é anulada em nome da humanidade.
Exageros à parte, não acredito nesta possibilidade, pois acredito que Bolsonaro tenha vida curta na gestão deste país e o Brasil voltará a sua normalidade democrática, à sua condição de civilidade, recuperando sua soberania, sua economia e protegendo suas riquezas e explorando-as de forma econômica, social e ecologicamente responsável.
De qualquer forma, pé no chão.
Se agredirmos a Amazônia, será viável não uma invasão, mas embargos, bloqueios e boicotes aos nossos produtos, com impacto no emprego e na vida do povo e dos trabalhadores. Daí a urgência de interditar o louco.
Que triste, nossa imagem passou de “um país do futuro para uma ameaça ao futuro”, com impactos altamente negativos na relação com o resto do mundo.
Temos que lutar para que a Amazônia seja nossa, continue nossa, seja só nossa, mas temos que ter também a consciência que a Amazônia prestará sempre grandes e imprescindíveis serviços à humanidade, mas sob o comando de um Brasil de governo e políticas civilizadas.
(*) Economista, ex-deputado federal pelo Amazonas e ex-vereador de Manaus (PT)
Foto: Anna Ramalho