O ritual fúnebre é um elemento muito forte em todas as sociedades, com destaque nas sociedades primitivas que incorporam sua cosmologia à despedida do morto. Nas sociedades ditas modernas ou civilizadas, a despedida do ente que parte segue orientações religiosas, como se vê na distinção de ritos no cristianismo e no espiritismo.
O que há em comum é a necessidade do ritual de despedida, mesmo que haja a crença da reencarnação ou da presença espiritual.
Vemos hoje, por exemplo, o clamor das famílias para velar seus familiares mortos no crime em Brumadinho. É preciso se despedir do corpo presente para se seguir em paz.
O ritual fúnebre tem, neste sentido, uma função de coesão social, seja no pequeno grupo familiar ou na própria sociedade.
O impedimento de Lula se despedir do seu irmão, conforme previsto em lei, é contra qualquer concepção de sociedade e foge aos mínimos padrões de humanidade. É inumano. Sequer é bárbaro, pois as sociedades consideradas nesse estágio respeitavam o direito de despedida dos entes mortos.
Onde vamos parar com essas práticas que negam a cultura e a lei ? E o pior de tudo é que são práticas do próprio Estado a quem cabe o dever de manter a ordem.
Seria o fim do Estado e a instauração de uma desordem geral?
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