Até o fim da manhã desta segunda-feira, 9, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) recebeu relatos de 12 profissionais da imprensa agredidos nos atos terroristas e golpistas deste domingo, em Brasília. Pelo menos dois deles solicitaram ajuda da Polícia Militar do DF e não receberam qualquer apoio. Uma profissional relatou que um dos policiais chegou a apontar um fuzil para ela. A informação está no portal do sindicato.
O sindicato publicou relatos dos 12 jornalistas que procuraram a entidade. Veja:
- Um repórter do jornal O Tempo foi agredido por criminosos que chegaram a apontar duas armas de fogo para ele, dentro do Congresso Nacional. O repórter relatou que procurou ajuda, mas os policiais militares se recusaram. Foi salvo por um técnico da Empresa Brasil de Comunicação (EBC);
- Uma repórter da Rádio Jovem Pan foi xingada e seguida enquanto deixava a região da Esplanada dos Ministérios. Um homem tentou abrir a porta do carro da jornalista e apontou uma arma para ela;
- Um repórter da TV Band teve o celular destruído enquanto filmava o ato. Ele disse que não foi agredido;
- Uma repórter fotográfica do Metrópoles foi derrubada e espancada por 10 homens. Ela teve o equipamento danificado;
- Uma jornalista e analista política do portal Brasil 247 foi ameaçada, perseguida e agredida pelos terroristas. Ela teve de apagar os registros feitos no celular. Ao pedir auxílio da Polícia Militar, teve como resposta um fuzil apontado em sua direção. Relatou que só saiu sem ser linchada porque teve ajuda de uma pessoa que participava do ato;
- Uma correspondente do jornal The Washington Post foi agredida com chutes e derrubada no chão. Ela teve o material de trabalho roubado. Um repórter do jornal O Globo que testemunhou a agressão recorreu à equipe do Ministério da Defesa, que ajudou a jornalista;
- Um repórter da Agência Anadolu, da Turquia, levou tapas no rosto enquanto cobria o vandalismo no Palácio do Planalto;
- Um repórter da Agência France Press teve o equipamento (incluindo o celular) roubado e foi agredido;
- Um repórter fotográfico da Folha teve o equipamento roubado;
- Um repórter fotográfico da Agência Reuters teve o material de trabalho e o celular roubados;
- Um repórter da Agência Brasil teve o crachá puxado pelas costas, enquanto registrava a destruição. Ele ficou com escoriações no pescoço; e
- Um repórter fotográfico do portal Poder360° foi agredido e tentaram levar o equipamento dele.
Fenaj e sindicatos repudiam ações criminosas
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e os 31 Sindicatos de Jornalistas filiados repudiam de forma veemente a invasão aos prédios públicos e os ataques à democracia brasileira. O evento acontece uma semana depois de o país assistir a uma linda, diversa e inclusiva festa cívica, na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A FENAJ e os sindicatos filiados denunciam firmemente esse agrupamento que insiste em desafiar a Constituição, mantendo acampamentos em frente a quartéis do Exército, promovendo ações terrorista em Brasília e pedindo intervenção militar.
É inadmissível a omissão do governo do Distrito Federal, bem como a leniência de parte das Forças Armadas, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal diante da escalada anticonstitucional do bolsonarismo. Em qualquer país moderno e democrático, atitudes como as que temos visto no Brasil seriam severamente reprimidas e punidas, em defesa do bem maior e coletivo.
Os jornalistas brasileiros, no exercício de seu trabalho profissional, têm sido vítimas de intimidações e agressões por membros e apoiadores desse grupo político violento e antidemocrático. São centenas os casos registrados nos últimos anos, quase uma dezena apenas na primeira semana desse ano.
Exigimos apuração e rigorosa punição dos responsáveis por este grave atentado à democracia brasileira, incluindo financiadores e realizadores. Alertamos, ainda, para a necessidade de as forças de segurança combaterem o cerceamento ao trabalho dos jornalistas, vítimas recorrentes da onda de violência das hordas bolsonaristas.
Solidarizamo-nos com as equipes de imprensa agredidas e colocamos as estruturas sindicais à disposição da categoria.
Brasília, 8 de janeiro de 2023
Fonte: SJPDF e SPJAM
Foto: Ton Molina/AFP
Edição: César Wanderley/Amazonas no Congresso