Nos últimos dias, a média móvel de óbitos por covid-19 é de 114 pessoas no Brasil, de cerca de 45 mil casos registrados. Pessoas mais idosas, com comorbidades, são os casos mais comuns de internações graves, embora haja casos de bebês e crianças. Os dados foram divulgados pelo Portal Vermelho, que entrevistou o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia.
O portal observa que a doença não se trata de uma gripe comum, que também mata milhares de pessoas, principalmente idosas, todo ano. A covid-19 segue sendo uma doença desafiadora, pois ainda causa muitas mortes evitáveis, principalmente quando se dissemina rapidamente. Os doentes recuperados podem carregar alguma complicação que pode afetar sua vida de forma prolongada. Principalmente, em casos de reinfecção.
O Brasil está vivendo uma desaceleração de mortes, mas essa situação não dá a tranquilidade para relaxar e nada fazer. A avaliação do epidemiologista Jesem Orellana, da FioCruz/Amazônia, é que neste início de ano a epidemia de covid-19 não deve trazer grandes surpresas. “Em especial em janeiro, pois estamos em um momento de desaceleração, após 4 semanas de alta na mortalidade, onde mais de 4 mil brasileiras e brasileiros perderam suas vidas, de forma evitável, na maior parte das vezes”, disse ele o epidemiologista.

Consultado sobre o surgimento da variante XBB.1.5, identificada inicialmente nos EUA e que já circula em território nacional, Jesem Orellana disse que “essa variante tende a se espalhar no Brasil, pois parece ser uma das versões mais transmissíveis já documentadas. E está associada a frequentes casos de reinfecções, incluindo em pessoas vacinadas contra a covid-19”.
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Para o epidemiologista, esta virada de ano é marcada por franca desaceleração da pandemia, em contexto de cerca de 80% da população vacinada com ao menos uma dose da vacina contra a covid-19, “o que limita fortemente cenários caóticos”, disse Orellana. “No entanto, ainda que esta não seja a pior virada de ano na pandemia, não podemos relaxar, uma vez que as descendentes da Ômicron, como a XBB.1.5, podem gerar surpresas negativas e prolongar ainda mais a pandemia ou, mais remotamente, piorar tudo”, explicou.
Use máscara
Terça-feira, 10, autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendaram que os países devem considerar que os passageiros usem máscaras em voos de longa distância, dada a rápida disseminação da subvariante ômicron. Por isso mesmo, Orellana diz que o governo brasileiro deve estar com sua vigilância epidemiológica atenta especialmente em aeroportos, e onde há maior fluxo de pessoas, como no transporte coletivo.
Outra medida que o novo governo deve assumir, desde já, na opinião dele, é acelerar a estratégia que visa aumentar as coberturas vacinais da população, especialmente nas pessoas com 40 anos e mais, e vacinar os milhões de crianças que ainda não tomaram a primeira dose, ou que não estão com o número de doses recomendadas para a faixa etária. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, explicou para a imprensa, ontem, 11, estas prioridades que está tomando nos primeiros dias de governo, entre outras.
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É preciso entender que a OMS só vai mudar o status da pandemia de covid-19 para um patamar menos alarmante, quando houver sinais claros de queda sustentada nos contágios, casos graves e mortes. “Mas, principalmente, progressos substanciais na vacinação, sobretudo em países com baixas coberturas, como aqueles mais pobres e com limitado acesso à vacinação”, diz Jesem Orellana.
Texto: Cézar Xavier/Portal Vermelho
Fotos: Rovena Rosa/Agência Brasil e Fiocruz
Edição: César Wanderley/Amazonas no Congresso
1 comentário
Muito importante essa informação preventiva, para evitar que soframos problemas mais sérios com a covid-19 neste início de 2023. Nesse aspecto, o epidemiologista Jesem Orellana da Fiocruz, tem realizado um trabalho excelente de divulgação de informações e alertas.