Desde a semana passada, quando muita gente se juntava para assistir jogos da Copa do Mundo de Futebol, a Fiocruz vem chamando a atenção para o aumento de mortes causadas pela covid-19 e alertando a população para o risco que se aproxima com as festas de final de ano, quando aglomerações aumentam. O Brasil está com alta de 1.100 mortes semanais por Covid-19, segundo dados da semana de 11 a 17 deste mês. É o maior índice desde a última semana de agosto. O último jogo do Brasil na Copa foi dia 9. A informação é do epidemiologista da Fiocruz/Amazônia, Jessem Orellana.
Os especialistas estão preocupados que esse número possa aumentar a partir desta semana e entre em 2023 maior, tal como aconteceu no final de 2021 e início 2022. O epidemiologista vem continuadamente recomendando, em diferentes meios de comunicação, que as pessoas retomem o uso da máscara, de forma correta, e façam permanentemente higienização e desinfecção das mãos.
Em artigo publicado hoje, 19, no portal Vermelho, o epidemiologista diz que o país tem “em torno de 80 milhões de brasileiros sem a primeira dose de reforço da vacina contra a Covid-19, outros 24 milhões sem a segunda dose de reforço e os mais de 10 milhões que sequer tomaram a primeira dose do esquema básico“. Ele estima que “milhares de lares devem passar parte do mês de janeiro, novamente, enlutados ou cuidando de familiares e conhecidos, doentes por Covid-19, muitos gravemente”.
Jessem Orellana recomenda que as pessoas se abstenham dos grandes eventos de final de ano, para evitar aglomerações. E ressalta a importância da vacinação e das doses de reforço, como forma de proteção. “Temos que lembrar que a Covid-19, mesmo com sintomas mais leves, deixa sequelas, que prejudicam a qualidade de vida da pessoa e pode colocar a vida de pessoas com vulnerabilidades em maior risco: idosos, crianças, grávidas e imunossuprimidos”, disse.
Covid-19 no Amazonas
A análise epidemiológica de Covid-19 e vírus respiratórios, produzida pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), é consolidado com base em indicadores de casos, óbitos, hospitalizações, cobertura vacinal e vigilância genômica. A análise atualizada, corresponde ao período dos últimos dois meses (12 de outubro a 12 de dezembro), com destaque para o período de 14 dias que vai de 29 de novembro a 12 de dezembro. Nos últimos dois meses, foi registrado o aumento dos casos em Manaus a partir da segunda semana de outubro, seguido de redução a partir do dia 2 de novembro.
No interior do estado, o aumento gradual foi registrado com pico em 23 de novembro, seguido de redução. Já no período de 14 dias (29 de novembro a 12 de dezembro), foi registrada redução de 64% na média diária dos casos de Covid-19, no estado.
Conforme a vigilância genômica, que identifica as variantes circulantes do vírus SARS-CoV-2, nos casos confirmados de Covid-19 do estado, nos últimos dois meses, foram sequenciados 740 genomas, dos quais 611 foram identificados como subvariante BA.5 da Ômicron, com maior proporção de genomas da sublinhagem BE.9 (60%).
A redução dos indicadores também foi observada na ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados a pacientes com Covid-19 na rede de assistência pública e privada. Nos últimos dois meses, a diminuição foi de 72 para 65 leitos de UTI ocupados por pacientes com a doença. No período referido de 14 dias (29 de novembro a 12 de dezembro), foram registrados 4 óbitos pelo vírus SARS-CoV-2.
Situação vacinal no estado
Conforme o boletim epidemiológico de Covid-19 da FVS-RCP, nos últimos dois meses, foram 217 pacientes hospitalizados com idade de 3 anos ou mais. Desses, 26% não tinham tomado nenhuma dose da vacina contra a Covid-19. A diretora-presidente da FVS-RCP, Tatyana Amorim, destaca a importância de manter o cartão de vacina atualizado.]
“Com o esquema vacinal desatualizado, a tendência é o agravamento do quadro clínico de forma que necessite de internação. É importante destacar que, entre os maiores de 12 anos, com acesso às doses de reforço, as pessoas com esquema desatualizado apresentam risco 8,1 vezes maior de adoecer e 13,1 vezes maior de hospitalização do que quem está atualizado no esquema vacinal”, destaca Tatyana.
Prevenção a vírus respiratórios
Segundo a Fundação de Vigilância, pesar da redução do risco de transmissibilidade de Covid-19, o Amazonas apresenta sazonalidade para vírus respiratórios. O diretor técnico da FVS-RCP, Daniel Barros, destaca a importância de a população buscar medidas preventivas à transmissão desse vírus.
“No período da segunda quinzena de outubro à primeira quinzena de dezembro, foram identificados dois casos de influenza. Então, já percebemos a circulação desse tipo de vírus. Por isso, é tão importante que a população se previna e, caso tenha sintomas, procure a unidade de saúde mais próxima para buscar atendimento médico”, finaliza o diretor.
Fonte: Jessem Orellana e FVS-RCP
Foto: Brasil de Fato
Edição: César Wanderley/Amazonas no Congresso